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Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1864 > Outubro > Variedades - Sociedade alemã dos achados de tesouros
Em vários jornais franceses e estrangeiros lê-se o artigo seguinte:
“Os espíritas acabam de recrutar novos adeptos na Alemanha. Um certo médico de Zittau, chamado Berthelen, autor de um opúsculo sobre as mesas girantes, organizou uma sociedade que se intitula: Associação dos caçadores de tesouros, e que tem por objetivo cavar o solo das localidades onde se pressupõe haver tesouros enterrados. As operações da empresa são conduzidas por uma sonâmbula das mais lúcidas, a Sra. Louise Ebermann, e começaram por escavações cotidianas executadas em hora determinada, em meio a uma plantação de fumo, onde se acharia oculta a soma de 400.000 thalers (1.500.000 francos). A sociedade tem apenas sete ou oito membros que participam dos trabalhos, e até agora suas operações se limitam a dizer preces em comum e a remover, com certo cerimonial, a terra retirada do solo onde esperam descobrir os bem-vindos tesouros.”
É realmente curioso ver o entusiasmo de certos jornais em reproduzir tudo o que, em sua opinião, possa lançar o descrédito sobre o Espiritismo. O menor acontecimento, infeliz ou ridículo, ao qual, com ou sem razão, se acha associada a palavra espírita, é imediatamente repetido por toda parte, com variantes mais ou menos engenhosas, sem preocupação com a verdade. Os disparates, mesmo os mais inverossímeis, são aceitos com uma seriedade verdadeiramente cômica. Com a aparição dos espectros nos teatros, todos repetem satisfeitos que o Espiritismo naufragou, e que os seus mais importantes cordões foram enfim descobertos. Um charlatão, um saltimbanco, um ledor da buena-dicha julga dever apropriar-se do nome de espírita, e logo os adversários o assinalam como um dos representantes da doutrina. Que resultou de tudo isto? Repercussão do nome, e daí o desejo de conhecer a coisa; o ridículo para os trocistas, que falam esturdiamente do que não sabem; o ódio caído sobre os caluniadores e, em consequência, aumento do número dos adeptos sérios, os únicos que são contados entre os espíritas.
O artigo acima pertence à categoria de que acabamos de falar. A si próprio o autor se dá um desmentido, dizendo que as pesquisas são feitas com o auxílio de uma sonâmbula das mais lúcidas. Não é, pois, com o auxílio dos Espíritos. Em que se baseia ele para dizer que é uma associação de espíritas? Do fato do fundador ter escrito um opúsculo sobre as mesas girantes. Disso se conclui que ele é espírita? De modo algum, porque à época das mesas girantes ainda se estava no abc da ciência. Aliás, se ele conhecesse o Espiritismo, saberia que os Espíritos não podem favorecer nenhuma pesquisa de tal natureza.
Desde que o sonambulismo passou a ser conhecido, ele tem sido empregado na busca de tesouros, e até agora ninguém conseguiu senão gastar dinheiro em escavações inúteis, como sucedeu outrora com aqueles que procuravam a pedra filosofal. Predizemos a mesma sorte à nova empresa!
Quando se soube que os Espíritos podiam comunicar-se, um primeiro pensamento, aliás muito natural, também foi que eles pudessem servir utilmente às especulações de toda a natureza, mas não tardou a se reconhecer que, nesse ponto, só se obtinham mistificações. Para isto havia uma causa, e foram os próprios Espíritos que a indicaram. Assim, não há hoje um só espírita esclarecido que perca tempo em perseguir tais quimeras, pois todos sabem que Deus não dá aos homens semelhantes meios de enriquecer, e que por esta razão não permite aos Espíritos revelações desse gênero.
É, pois, abusivamente que o autor do artigo colocou a associação alemã dos caçadores de ouro sob o patrocínio do Espiritismo. Não é entre os que não veem nos Espíritos senão servos da ambição, da cupidez e dos interesses materiais que a doutrina recruta os seus adeptos, mas entre os que a consideram como uma causa do melhoramento moral.
Para mais ampla instrução a respeito, remetemos ao Livro dos médiuns, Cap. XXVI, Perguntas que podem ser dirigidas aos Espíritos; nº. 291, Perguntas sobre os interesses morais e materiais; nº. 294, Perguntas sobre as invenções e descobertas e nº. 295, Perguntas sobre tesouros ocultos.
“Os espíritas acabam de recrutar novos adeptos na Alemanha. Um certo médico de Zittau, chamado Berthelen, autor de um opúsculo sobre as mesas girantes, organizou uma sociedade que se intitula: Associação dos caçadores de tesouros, e que tem por objetivo cavar o solo das localidades onde se pressupõe haver tesouros enterrados. As operações da empresa são conduzidas por uma sonâmbula das mais lúcidas, a Sra. Louise Ebermann, e começaram por escavações cotidianas executadas em hora determinada, em meio a uma plantação de fumo, onde se acharia oculta a soma de 400.000 thalers (1.500.000 francos). A sociedade tem apenas sete ou oito membros que participam dos trabalhos, e até agora suas operações se limitam a dizer preces em comum e a remover, com certo cerimonial, a terra retirada do solo onde esperam descobrir os bem-vindos tesouros.”
É realmente curioso ver o entusiasmo de certos jornais em reproduzir tudo o que, em sua opinião, possa lançar o descrédito sobre o Espiritismo. O menor acontecimento, infeliz ou ridículo, ao qual, com ou sem razão, se acha associada a palavra espírita, é imediatamente repetido por toda parte, com variantes mais ou menos engenhosas, sem preocupação com a verdade. Os disparates, mesmo os mais inverossímeis, são aceitos com uma seriedade verdadeiramente cômica. Com a aparição dos espectros nos teatros, todos repetem satisfeitos que o Espiritismo naufragou, e que os seus mais importantes cordões foram enfim descobertos. Um charlatão, um saltimbanco, um ledor da buena-dicha julga dever apropriar-se do nome de espírita, e logo os adversários o assinalam como um dos representantes da doutrina. Que resultou de tudo isto? Repercussão do nome, e daí o desejo de conhecer a coisa; o ridículo para os trocistas, que falam esturdiamente do que não sabem; o ódio caído sobre os caluniadores e, em consequência, aumento do número dos adeptos sérios, os únicos que são contados entre os espíritas.
O artigo acima pertence à categoria de que acabamos de falar. A si próprio o autor se dá um desmentido, dizendo que as pesquisas são feitas com o auxílio de uma sonâmbula das mais lúcidas. Não é, pois, com o auxílio dos Espíritos. Em que se baseia ele para dizer que é uma associação de espíritas? Do fato do fundador ter escrito um opúsculo sobre as mesas girantes. Disso se conclui que ele é espírita? De modo algum, porque à época das mesas girantes ainda se estava no abc da ciência. Aliás, se ele conhecesse o Espiritismo, saberia que os Espíritos não podem favorecer nenhuma pesquisa de tal natureza.
Desde que o sonambulismo passou a ser conhecido, ele tem sido empregado na busca de tesouros, e até agora ninguém conseguiu senão gastar dinheiro em escavações inúteis, como sucedeu outrora com aqueles que procuravam a pedra filosofal. Predizemos a mesma sorte à nova empresa!
Quando se soube que os Espíritos podiam comunicar-se, um primeiro pensamento, aliás muito natural, também foi que eles pudessem servir utilmente às especulações de toda a natureza, mas não tardou a se reconhecer que, nesse ponto, só se obtinham mistificações. Para isto havia uma causa, e foram os próprios Espíritos que a indicaram. Assim, não há hoje um só espírita esclarecido que perca tempo em perseguir tais quimeras, pois todos sabem que Deus não dá aos homens semelhantes meios de enriquecer, e que por esta razão não permite aos Espíritos revelações desse gênero.
É, pois, abusivamente que o autor do artigo colocou a associação alemã dos caçadores de ouro sob o patrocínio do Espiritismo. Não é entre os que não veem nos Espíritos senão servos da ambição, da cupidez e dos interesses materiais que a doutrina recruta os seus adeptos, mas entre os que a consideram como uma causa do melhoramento moral.
Para mais ampla instrução a respeito, remetemos ao Livro dos médiuns, Cap. XXVI, Perguntas que podem ser dirigidas aos Espíritos; nº. 291, Perguntas sobre os interesses morais e materiais; nº. 294, Perguntas sobre as invenções e descobertas e nº. 295, Perguntas sobre tesouros ocultos.