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Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1864 > Março > Variedades
Variedades
Conhecemos pessoalmente uma senhora, médium, dotada de notável faculdade tiptológica. Ela obtém facilmente e, o que é mais raro, quase constantemente, coisas de precisão, como nome de lugares e de pessoas em diversas línguas; datas e fatos particulares, em presença dos quais mais de uma vez a incredulidade foi confundida.
Essa senhora, inteiramente devotada à causa do Espiritismo, consagra todo o tempo disponível ao exercício de sua faculdade, com o objetivo de propaganda, e isto com um desinteresse tanto mais louvável quanto a sua posição de fortuna está mais perto da mediocridade. Como o Espiritismo é para ela uma coisa séria, ela sempre inicia com uma prece dita com o maior recolhimento, para solicitar a ajuda dos bons Espíritos e pedir a Deus que afaste os maus. Ela termina assim: “Se eu for tentada a abusar, seja no que for, da faculdade que a Deus aprouve conceder-se, peço-lhe que ma retire, em vez de permitir que ela seja desviada de seu objetivo providencial.”
Um dia um rico estrangeiro ─ de quem colhemos o fato ─ foi procurar essa senhora para lhe pedir que desse uma comunicação. Ele não tinha a menor noção do Espiritismo e ainda menos de crença. Pondo sua carteira sobre a mesa, disse-lhe: “Senhora, eis aqui dez mil francos que vos dou, se disserdes o nome da pessoa em quem estou pensando.” Isto basta para mostrar o nível de conhecimento que ele tinha da doutrina. Aquela senhora lhe fez observar, nesse particular, o que todo espírita verdadeiro faria em semelhante caso. Não obstante, ela tentou e nada obteve. Ora, logo depois da partida desse senhor ela recebeu, para outras pessoas, comunicações muito mais difíceis e complicadas do que aquela que ele lhe havia pedido.
Este fato deveria ser para esse senhor, conforme lhe dissemos, uma prova da sinceridade e da boa-fé da médium, porque os charlatães sempre têm recursos à sua disposição, quando se trata de ganhar dinheiro. Mas disso se deduzem vários outros ensinamentos de outra gravidade. Os Espíritos quiseram provar-lhe que não é com dinheiro que os fazem falar quando não querem; além disso provaram que se não tinham respondido à pergunta não era por impossibilidade da parte deles, porquanto depois disseram coisas mais difíceis a pessoas que nada ofereciam. A lição era maior ainda para o médium; era lhe demonstrar sua absoluta impotência sem o concurso deles e lhe ensinar a humildade, porque, se os Espíritos tivessem estado às suas ordens, se tivesse bastado a vontade dele para os fazê-los falar, era o caso de exercer o seu poder agora ou jamais.
Está aí uma prova manifesta do apoio ao que dissemos na Revista de fevereiro último, a propósito do Sr. Home, sobre a impossibilidade em que se acham os médiuns de contar com uma faculdade que lhes pode faltar no momento em que ela lhes seria necessária.
Aquele que possui um talento e que o explora está sempre certo de tê-lo à sua disposição, porque é inerente à sua pessoa, mas a mediunidade não é um talento; não existe senão pelo concurso de terceiros. Se esses terceiros se recusam, não há mais mediunidade. A aptidão pode subsistir, mas o seu exercício é anulado. Um médium sem a assistência dos Espíritos é como um violinista sem violino.
O senhor em questão admirou-se que, tendo vindo para se convencer, os Espíritos a isso não se tivessem prestado. A isto lhe respondemos que se ele pode ser convencido, sê-lo-á por outros meios, que nada lhe custarão. Os Espíritos não quiseram que ele pudesse dizer que tinha sido convencido a peso de ouro, porque se o dinheiro fosse necessário para convencer-se, como fariam os que não podem pagar?
É para que a crença possa penetrar nos mais humildes redutos que a mediunidade não é um privilégio. Ela se acha em toda parte, a fim de que todos, pobres e ricos, possam ter a consolação de comunicar-se com os parentes e amigos do além-túmulo.
Os Espíritos não quiseram que ele fosse convencido dessa maneira, porque o brilho que ele a isso tivesse dado teria falseado sua própria opinião e a de seus amigos quanto ao caráter essencialmente moral e religioso do Espiritismo. Eles não o quiseram no interesse do médium e dos médiuns em geral, cuja cupidez esse resultado teria superexcitado, porque eles se teriam dito que se haviam obtido êxito nessa circunstância, o mesmo aconteceria em outras.
Essa não foi a primeira vez que ofertas semelhantes foram feitas; que prêmios são oferecidos, mas sempre sem sucesso, tendo em vista que os Espíritos não se põem ao serviço e não se entregam a quem paga melhor.
Se essa senhora tivesse tido êxito, teria aceitado ou recusado? Ignoramos, porque dez mil francos são muito sedutores, sobretudo em certas posições. Em todo caso, a tentação foi grande. E quem sabe se a recusa não teria sido seguida de um pesar, que teria atenuado o mérito do feito?
Notemos que, em a sua prece, ela pede a Deus que lhe retire sua faculdade em vez de permitir que ela seja tentada a desviá-la de seu objetivo providencial. Então! Sua prece foi ouvida; a mediunidade lhe foi retirada para esse caso especial, a fim de lhe poupar o perigo da tentação e todas as consequências lamentáveis que a teriam seguido, primeiro para ela própria, e ainda pelo mau efeito que isto teria produzido.
Mas não é só contra a cupidez que os médiuns devem pôr-se em guarda. Como os há em todas as camadas da Sociedade, a maioria deles está acima desta tentação. Entretanto, há um perigo muito maior ainda, pois a ele todos estão expostos: é o orgulho, que põe a perder tão grande número. É contra esse escolho que as mais belas faculdades muitas vezes vêm quebrar-se. O desinteresse material não tem proveito se não for acompanhado pelo mais completo desinteresse moral. Humildade, devotamento, desinteresse e abnegação são as qualidades do médium amado pelos bons Espíritos.
Essa senhora, inteiramente devotada à causa do Espiritismo, consagra todo o tempo disponível ao exercício de sua faculdade, com o objetivo de propaganda, e isto com um desinteresse tanto mais louvável quanto a sua posição de fortuna está mais perto da mediocridade. Como o Espiritismo é para ela uma coisa séria, ela sempre inicia com uma prece dita com o maior recolhimento, para solicitar a ajuda dos bons Espíritos e pedir a Deus que afaste os maus. Ela termina assim: “Se eu for tentada a abusar, seja no que for, da faculdade que a Deus aprouve conceder-se, peço-lhe que ma retire, em vez de permitir que ela seja desviada de seu objetivo providencial.”
Um dia um rico estrangeiro ─ de quem colhemos o fato ─ foi procurar essa senhora para lhe pedir que desse uma comunicação. Ele não tinha a menor noção do Espiritismo e ainda menos de crença. Pondo sua carteira sobre a mesa, disse-lhe: “Senhora, eis aqui dez mil francos que vos dou, se disserdes o nome da pessoa em quem estou pensando.” Isto basta para mostrar o nível de conhecimento que ele tinha da doutrina. Aquela senhora lhe fez observar, nesse particular, o que todo espírita verdadeiro faria em semelhante caso. Não obstante, ela tentou e nada obteve. Ora, logo depois da partida desse senhor ela recebeu, para outras pessoas, comunicações muito mais difíceis e complicadas do que aquela que ele lhe havia pedido.
Este fato deveria ser para esse senhor, conforme lhe dissemos, uma prova da sinceridade e da boa-fé da médium, porque os charlatães sempre têm recursos à sua disposição, quando se trata de ganhar dinheiro. Mas disso se deduzem vários outros ensinamentos de outra gravidade. Os Espíritos quiseram provar-lhe que não é com dinheiro que os fazem falar quando não querem; além disso provaram que se não tinham respondido à pergunta não era por impossibilidade da parte deles, porquanto depois disseram coisas mais difíceis a pessoas que nada ofereciam. A lição era maior ainda para o médium; era lhe demonstrar sua absoluta impotência sem o concurso deles e lhe ensinar a humildade, porque, se os Espíritos tivessem estado às suas ordens, se tivesse bastado a vontade dele para os fazê-los falar, era o caso de exercer o seu poder agora ou jamais.
Está aí uma prova manifesta do apoio ao que dissemos na Revista de fevereiro último, a propósito do Sr. Home, sobre a impossibilidade em que se acham os médiuns de contar com uma faculdade que lhes pode faltar no momento em que ela lhes seria necessária.
Aquele que possui um talento e que o explora está sempre certo de tê-lo à sua disposição, porque é inerente à sua pessoa, mas a mediunidade não é um talento; não existe senão pelo concurso de terceiros. Se esses terceiros se recusam, não há mais mediunidade. A aptidão pode subsistir, mas o seu exercício é anulado. Um médium sem a assistência dos Espíritos é como um violinista sem violino.
O senhor em questão admirou-se que, tendo vindo para se convencer, os Espíritos a isso não se tivessem prestado. A isto lhe respondemos que se ele pode ser convencido, sê-lo-á por outros meios, que nada lhe custarão. Os Espíritos não quiseram que ele pudesse dizer que tinha sido convencido a peso de ouro, porque se o dinheiro fosse necessário para convencer-se, como fariam os que não podem pagar?
É para que a crença possa penetrar nos mais humildes redutos que a mediunidade não é um privilégio. Ela se acha em toda parte, a fim de que todos, pobres e ricos, possam ter a consolação de comunicar-se com os parentes e amigos do além-túmulo.
Os Espíritos não quiseram que ele fosse convencido dessa maneira, porque o brilho que ele a isso tivesse dado teria falseado sua própria opinião e a de seus amigos quanto ao caráter essencialmente moral e religioso do Espiritismo. Eles não o quiseram no interesse do médium e dos médiuns em geral, cuja cupidez esse resultado teria superexcitado, porque eles se teriam dito que se haviam obtido êxito nessa circunstância, o mesmo aconteceria em outras.
Essa não foi a primeira vez que ofertas semelhantes foram feitas; que prêmios são oferecidos, mas sempre sem sucesso, tendo em vista que os Espíritos não se põem ao serviço e não se entregam a quem paga melhor.
Se essa senhora tivesse tido êxito, teria aceitado ou recusado? Ignoramos, porque dez mil francos são muito sedutores, sobretudo em certas posições. Em todo caso, a tentação foi grande. E quem sabe se a recusa não teria sido seguida de um pesar, que teria atenuado o mérito do feito?
Notemos que, em a sua prece, ela pede a Deus que lhe retire sua faculdade em vez de permitir que ela seja tentada a desviá-la de seu objetivo providencial. Então! Sua prece foi ouvida; a mediunidade lhe foi retirada para esse caso especial, a fim de lhe poupar o perigo da tentação e todas as consequências lamentáveis que a teriam seguido, primeiro para ela própria, e ainda pelo mau efeito que isto teria produzido.
Mas não é só contra a cupidez que os médiuns devem pôr-se em guarda. Como os há em todas as camadas da Sociedade, a maioria deles está acima desta tentação. Entretanto, há um perigo muito maior ainda, pois a ele todos estão expostos: é o orgulho, que põe a perder tão grande número. É contra esse escolho que as mais belas faculdades muitas vezes vêm quebrar-se. O desinteresse material não tem proveito se não for acompanhado pelo mais completo desinteresse moral. Humildade, devotamento, desinteresse e abnegação são as qualidades do médium amado pelos bons Espíritos.
Os fatos noticiados em nosso último número, sobre os quais havíamos adiado a nossa opinião, parecem definitivamente assentados como fenômenos espíritas. Um exame atento das circunstâncias de detalhes não permite confundi-los com atos de malevolência ou de brincadeira. Parece difícil que gente mal-intencionada pudesse escapar à atividade da vigilância exercida pela autoridade, e sobretudo que possa agir no exato momento em que são vigiados, sob o olhar dos que os buscam e aos quais certamente não falta vontade de descobri-los.
Tinham feito exorcismos, mas depois de alguns dias de suspensão, os barulhos recomeçaram com outro caráter. Eis o que a propósito diz o Journal de la Vienne, em seus números de 17 e 18 de fevereiro:
“Recordamo-nos que em janeiro último, fazendo a sua solene aparição em Poitiers, os Espíritos batedores estabeleceram-se na Rua Saint-Paul, na casa situada perto da antiga igreja designada por esse nome, mas sua demora entre nós tinha sido de curta duração e tinha-se o direito de pensar que tudo estava acabado, quando, anteontem, os ruídos que tão fortemente haviam agitado a população se reproduziram com nova intensidade.
“Assim, os diabos negros voltaram à casa da senhorita de O... Apenas não são mais Espíritos batedores, mas atiradores, fazendo detonações formidáveis. Celebraremos sua festa no dia de Santa Bárbara, padroeira dos artilheiros. Sempre há aqueles que anseiam pelo recomeço das procissões de curiosos, e que a polícia interrogue todos os ecos para se guiar através do nevoeiro do outro mundo.
“Contudo, é de esperar que desta vez se descubram os autores dessas mistificações de mau gosto, e que a justiça saiba bem provar aos exploradores da credulidade humana que os melhores Espíritos não são os que fazem mais barulho, mas os que sabem calar ou que só falam quando necessário.”
A. PIOGEARD
Tinham feito exorcismos, mas depois de alguns dias de suspensão, os barulhos recomeçaram com outro caráter. Eis o que a propósito diz o Journal de la Vienne, em seus números de 17 e 18 de fevereiro:
“Recordamo-nos que em janeiro último, fazendo a sua solene aparição em Poitiers, os Espíritos batedores estabeleceram-se na Rua Saint-Paul, na casa situada perto da antiga igreja designada por esse nome, mas sua demora entre nós tinha sido de curta duração e tinha-se o direito de pensar que tudo estava acabado, quando, anteontem, os ruídos que tão fortemente haviam agitado a população se reproduziram com nova intensidade.
“Assim, os diabos negros voltaram à casa da senhorita de O... Apenas não são mais Espíritos batedores, mas atiradores, fazendo detonações formidáveis. Celebraremos sua festa no dia de Santa Bárbara, padroeira dos artilheiros. Sempre há aqueles que anseiam pelo recomeço das procissões de curiosos, e que a polícia interrogue todos os ecos para se guiar através do nevoeiro do outro mundo.
“Contudo, é de esperar que desta vez se descubram os autores dessas mistificações de mau gosto, e que a justiça saiba bem provar aos exploradores da credulidade humana que os melhores Espíritos não são os que fazem mais barulho, mas os que sabem calar ou que só falam quando necessário.”
A. PIOGEARD
“Voltamos sempre à Rua Saint-Paul, sem poder penetrar o mistério infernal.
“Quando interrogamos alguém que passeia com ar preocupado diante da casa da senhorita de O..., a resposta invariável é: ‘De minha parte nada ouvi, mas alguém me disse que as detonações eram muito fortes.’ Isto não deixa de ser embaraçoso para a solução do problema.
“Contudo, é certo que os Espíritos possuem algumas peças de artilharia e mesmo de bem grosso calibre, porque o barulho resultante tem uma certa violência e dizem que se assemelha ao produzido por pequenas bombas.
“Mas de onde vêm? Impossível até agora determinar a sua direção. Eles não vêm do subsolo, desde que tiros de pistola dados no porão não se ouvem no primeiro andar.
“É, pois, nas regiões superiores que é preciso esforçar-se para apanhá-los, contudo, todos os processos indicados pela ciência ou pela experiência para atingir esse resultado resultaram impotentes.
“Seria necessário, então, concluir que os Espíritos possam impunemente atirar nos pardais e perturbar o repouso dos cidadãos sem que seja possível atingi-los? Esta solução seria muito rigorosa. Com efeito, por certos processos, ou em virtude de alguns acidentes de percurso, podem produzir-se efeitos que à primeira vista surpreendem, mas dos quais se admiram, mais tarde, por não haverem compreendido o seu mecanismo elementar. São sempre as coisas mais simples que escapam à apreciação do homem.
“É forçoso crer, portanto, que se esses atiradores do outro mundo neste momento têm ao seu lado os que se riem, eles estão longe de ser inatingíveis.
“Os mistificadores podem ficar persuadidos de que os mistificados terão a sua vez.”
A. PIOGEARD
“Quando interrogamos alguém que passeia com ar preocupado diante da casa da senhorita de O..., a resposta invariável é: ‘De minha parte nada ouvi, mas alguém me disse que as detonações eram muito fortes.’ Isto não deixa de ser embaraçoso para a solução do problema.
“Contudo, é certo que os Espíritos possuem algumas peças de artilharia e mesmo de bem grosso calibre, porque o barulho resultante tem uma certa violência e dizem que se assemelha ao produzido por pequenas bombas.
“Mas de onde vêm? Impossível até agora determinar a sua direção. Eles não vêm do subsolo, desde que tiros de pistola dados no porão não se ouvem no primeiro andar.
“É, pois, nas regiões superiores que é preciso esforçar-se para apanhá-los, contudo, todos os processos indicados pela ciência ou pela experiência para atingir esse resultado resultaram impotentes.
“Seria necessário, então, concluir que os Espíritos possam impunemente atirar nos pardais e perturbar o repouso dos cidadãos sem que seja possível atingi-los? Esta solução seria muito rigorosa. Com efeito, por certos processos, ou em virtude de alguns acidentes de percurso, podem produzir-se efeitos que à primeira vista surpreendem, mas dos quais se admiram, mais tarde, por não haverem compreendido o seu mecanismo elementar. São sempre as coisas mais simples que escapam à apreciação do homem.
“É forçoso crer, portanto, que se esses atiradores do outro mundo neste momento têm ao seu lado os que se riem, eles estão longe de ser inatingíveis.
“Os mistificadores podem ficar persuadidos de que os mistificados terão a sua vez.”
A. PIOGEARD
Parece-nos que o Sr. Piogeard se debate singularmente contra a evidência. Dirse-ia que, malgrado seu, uma dúvida desliza em seu pensamento; que ele teme uma solução contrária às suas ideias; numa palavra, ele nos dá a impressão dessas pessoas que, recebendo uma má notícia, exclamam: “Não, não! Isto não é possível. Não quero acreditar nisto!” Eles fecham os olhos para não ver, a fim de poderem afirmar que nada viram.
Por um dos parágrafos acima ele parece lançar dúvidas sobre a própria realidade dos ruídos, porque, em sua opinião, todos aqueles a quem interrogam dizem nada ter ouvido. Se ninguém tinha ouvido, não compreendemos por que tanto rumor, pois não haveria nem mal-intencionados nem Espíritos.
Num terceiro artigo sem assinatura, e que o jornal diz que deve ser o último, ele dá, enfim, a solução desse problema. Se os interessados não a julgarem concludente, será sua falta e não dele.
“Há algum tempo, em cada correio recebemos cartas, quer de nossos assinantes, quer de pessoas estranhas ao departamento, nas quais nos pedem explicações circunstanciadas sobre as cenas das quais a casa de O... é o teatro. Dissemos tudo quanto sabíamos; repetimos em nossa publicação tudo quanto se diz em Poitiers a esse respeito. Considerando-se que nossas explicações não pareceram completas, eis, pela última vez, nossa resposta às perguntas que nos são dirigidas:
“É perfeitamente certo que ruídos singulares são ouvidos todas as noites, das seis à meia noite, na Rua Saint-Paul, na casa de O... Esses ruídos se parecem com os produzidos por descargas sucessivas de um fuzil de dois canos. Eles abalam as portas, as janelas e as paredes. Não se percebe luz nem fumaça, e nenhum cheiro é sentido. Os fatos foram constados pelas pessoas mais dignas de fé em nossa cidade, por inquéritos da polícia e da guarda civil, a pedido da família do Sr. Conde de O...
“Existe em Poitiers uma associação de espiritistas, mas, a despeito da opinião do Sr. D..., que nos escreve de Marselha, não passou pela cabeça de nenhum dos nossos concidadãos, muito espirituosos para isso, que os espiritistas estivessem de alguma forma envolvidos na aparição dos fenômenos. O Sr. H. de Orange, acredita em causas físicas, em gases que se desprendem de um antigo cemitério sobre o qual teria sido construída a casa de O... A casa de O... foi construída sobre a rocha, e não existe nenhum subterrâneo a ela conducente.
“Por nosso lado, pensamos que os fatos estranhos e ainda não explicados que há mais de um mês perturbam o repouso de uma família respeitável não ficarão para sempre na condição de mistério. Cremos numa artimanha muito engenhosa, e esperamos ver em breve os fantasmas da Rua Saint-Paul entrando na polícia correcional.”
Por um dos parágrafos acima ele parece lançar dúvidas sobre a própria realidade dos ruídos, porque, em sua opinião, todos aqueles a quem interrogam dizem nada ter ouvido. Se ninguém tinha ouvido, não compreendemos por que tanto rumor, pois não haveria nem mal-intencionados nem Espíritos.
Num terceiro artigo sem assinatura, e que o jornal diz que deve ser o último, ele dá, enfim, a solução desse problema. Se os interessados não a julgarem concludente, será sua falta e não dele.
“Há algum tempo, em cada correio recebemos cartas, quer de nossos assinantes, quer de pessoas estranhas ao departamento, nas quais nos pedem explicações circunstanciadas sobre as cenas das quais a casa de O... é o teatro. Dissemos tudo quanto sabíamos; repetimos em nossa publicação tudo quanto se diz em Poitiers a esse respeito. Considerando-se que nossas explicações não pareceram completas, eis, pela última vez, nossa resposta às perguntas que nos são dirigidas:
“É perfeitamente certo que ruídos singulares são ouvidos todas as noites, das seis à meia noite, na Rua Saint-Paul, na casa de O... Esses ruídos se parecem com os produzidos por descargas sucessivas de um fuzil de dois canos. Eles abalam as portas, as janelas e as paredes. Não se percebe luz nem fumaça, e nenhum cheiro é sentido. Os fatos foram constados pelas pessoas mais dignas de fé em nossa cidade, por inquéritos da polícia e da guarda civil, a pedido da família do Sr. Conde de O...
“Existe em Poitiers uma associação de espiritistas, mas, a despeito da opinião do Sr. D..., que nos escreve de Marselha, não passou pela cabeça de nenhum dos nossos concidadãos, muito espirituosos para isso, que os espiritistas estivessem de alguma forma envolvidos na aparição dos fenômenos. O Sr. H. de Orange, acredita em causas físicas, em gases que se desprendem de um antigo cemitério sobre o qual teria sido construída a casa de O... A casa de O... foi construída sobre a rocha, e não existe nenhum subterrâneo a ela conducente.
“Por nosso lado, pensamos que os fatos estranhos e ainda não explicados que há mais de um mês perturbam o repouso de uma família respeitável não ficarão para sempre na condição de mistério. Cremos numa artimanha muito engenhosa, e esperamos ver em breve os fantasmas da Rua Saint-Paul entrando na polícia correcional.”