A sociedade espírita de Paris aos espíritas da França e do Estrangeirismo
Caríssimos e mui honrados irmãos em crença,
Uma circunstância recente forneceu aos nossos adversários ocasião para renovar contra nossa doutrina ataques que ultrapassaram, em violência, o que até hoje havia sido feito, e derramar sobre os seus adeptos o sarcasmo, a injúria e a calúnia. A opinião de algumas pessoas por um instante pôde ser desviada, mas os protestos verbais ou escritos foram tão gerais que ela já volta atrás. Todos vós compreendestes que o Espiritismo está assente em bases inabaláveis para receber qualquer ataque, e que esse levante não poderá senão auxiliar para que ele seja melhor compreendido e mais popularizado.
É próprio de todas as grandes verdades receber o batismo da perseguição. As animosidades que o Espiritismo levanta são a prova de sua importância, porque, se o julgassem sem valor, com ele não se preocupariam. No conflito que acaba de ser levantado, todos os espíritas conservaram a calma e a moderação, que são os signos da verdadeira força; todos sustentaram o choque com coragem; ninguém duvidou do resultado, e ficai persuadidos de que essa atitude, ao mesmo tempo digna e firme, em oposição às invectivas e à acrimônia da linguagem de nossos antagonistas, não deixa de fazer refletir e de pesar muito sobre a opinião. O público imparcial não se engana. Mesmo sem levar em consideração o fato e a causa a favor de um ou do outro, uma secreta simpatia o atrai para aquele que na discussão sabe conservar a dignidade. A comparação lhe é sempre vantajosa. Assim, estes últimos acontecimentos conquistaram numerosos partidários para o Espiritismo.
Nesta circunstância, a Sociedade de Paris sente-se feliz em oferecer a todos os seus irmãos da França e do estrangeiro suas felicitações e seus sinceros agradecimentos. Nas novas lutas que poderão ocorrer, ela conta com eles, como eles podem contar com ela.
Recebei, senhores e caros irmãos, a certeza de nosso integral e afetuoso devotamento.
Pelos membros da Sociedade,
O presidente,
ALLAN KARDEC
(Aprovada por unanimidade na seção de 27 de outubro de 1865)